quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Faith No More no Maquinária 2009: épico

Há poucos anos, os fãs do Faith No More, desacreditados em um retorno da banda após quase 11 anos de separação, nunca imaginariam o que viria a acontecer a partir das 21h50 do dia 7 de novembro de 2009. Um show inexplicável, inacreditável e que beirou a perfeição (se é que a mesma não foi de fato atingida).

A chuva que começou a cair forte após o término do também ótimo show do Jane’s Addiction, assustou os presentes. Os instrumentos já todos alinhados e montados no palco foram, na correria, cobertos com lonas pela equipe da banda. Minutos se passaram, gritos de “Faith No More” entoados e a chuva deu trégua. O batera Mike Bordin observava tudo atrás dos amplificadores. Até que, os outros membros foram aos poucos entrando em cena. O tecladista Roddy Bottum começou então as primeiras notas de “Reunited”, hino do retorno da banda à atividade, para delírio de todos.

O vocalista Mike Patton e seu senso de humor sempre aguçado, veio então trajando roupa social (ao melhor estilo cafajeste), óculos escuros, se apoiando em uma bengala e empunhando um guarda-chuva. O público fez-se ouvir e cantou junto com Mike e Roddy. Completaram a banda o baixista Billy Gould e o guitarrista Jon Hudson.

Depois da bela balada de abertura, uma sequência entusiasmante e pesada: “From Out Of Nowhere”, “Be Agressive” e “Caffeine”, balançando as estruturas do Maquinária. Para acalmar os ânimos, Patton cantou a ótima “Evidence”, com toda a letra adaptada ao português e dedicada a Zé do Caixão. Metal com “Surprise! You’re Dead” e um dos últimos hits do FNM, “Last Cup of Sorrow”, voltaram a fazer os fãs pularem e berrarem, acredito que ainda não tendo a noção exata da emoção de ver esses monstros do funk/rock/metal se apresentando na capital paulista.

A excepcional “Ricochet” veio em seguida, abrindo caminho pros mega-hits “Easy”, cover da setentista The Commodores, e pro hino “Epic”, do próprio Faith No More, no álbum de estreia de Mike Patton com o grupo: “The Real Thing”, de 1989.

Um dos pontos altos da noite foi “Midlife Crisis”. Acho que quem passava a quilômetros de distância do local podia ouvir a plateia cantando enlouquecidamente. A banda fez uma pausa proposital no meio da canção e os presentes continuaram o refrão enquanto Mike os observava. Depois, fez graça e simulou um ataque de tosse, se jogando no chão. Isso tudo por cerca de dois minutos, até Patton se levantar e continuarem de onde haviam parado. Um espetáculo.

“Bossa Nova, en la casa!”, disse o vocalista ao tocar “Caralho Voador”, música abrasileirada da banda, gravada para o álbum “King For A Day, Fool For A Lifetime...”, de 1995. A pedrada “The Gentle Art Of Making Enemies”, a fantástica “King For A Day” (com uma jam ao final) e “Ashes To Ashes”, uma das mais cantadas por todos, encaminharam o Faith No More até “Just A Man”, que fechou a primeira parte do show de forma arrebatadora: Mike Patton comandava o público com gestos e todos o seguiam.

Até que decidiu descer na grade e gritar por várias vezes a já marca registrada deste concerto: “Porra! Caralho!”. Patton gritava uma vez e colocava o microfone na boca de alguns sortudos para que repetissem.

A banda, após um “tchau, beijos” de Mike, saiu de cena. Mas voltaram logo a seguir, com o baixista Billy Gould fazendo referência ao Palmeiras. Introduziram “Stripsearch” com a olímpica “Chariots of Fire”, até fecharem o bis com a clássica “We Care A Lot”, de quando Chuck Mosley ainda comandava os vocais do FNM.

Saíram mais uma vez no palco. Alguns pensaram que não mais voltariam. Mas retornaram para um segundo bis, embalado pela linda balada “This Guy’s In Love With You”. Mike Patton esbanjou seu talento vocal, cantando ainda melhor do que quando se separaram em 1998. Pra fechar com chave de ouro, uma das queridinhas da galera: a porrada “Digging The Grave”, onde todos gastaram o pouco da voz que ainda sobrava pra cantar em alto e bom som. Patton agradeceu as demais bandas presentes no Maquinária e perguntou se havia esquecido de alguma. O batera Mike Bordin veio até ele e então disse: “Yes! You forgot Faith No More”, arrancando risos dos exaustos, satisfeitos, emocionados, roucos e felizes fãs que presenciaram a melhor apresentação do Faith No More desde sua primeira aparição no Brasil, em 1991.

Quem sabe tenha sido até a melhor de toda a história desses gênios, em terras tupiniquins.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Maquinária Festival 2009 e Sepultura: impressões

Foto: Klaus Lautenschlaeger

Um Maquinária Festival elogiado, pelas bandas que trazia no dia 7 de novembro, mas com a organização posta em dúvida semanas antes pelos desconfiados fãs que marcariam presença. Bobagem. Um show de organização, pontualidade e de pequenas facilidades pra quem optou por ficar mais perto do palco, pra quem optou pela Pista Premium e Área VIP como foi meu caso. E ainda rolaria Nação Zumbi, Sepultura, Deftones, Jane’s Addiction e Faith No More pra justificar o investimento. E foi muito bem justificado, diga-se.


SEPULTURA: GARRA, PESO E COMPETÊNCIA

O Sepultura abriu sua apresentação (segunda do festival) por volta das 16h20 com a competência e a garra que já são tradicionais da banda. Com o mais recente membro do grupo Jean Dolabella na bateria, Derrick Green no vocal, o baixista Paulo Jr. e o guitarrista Andreas Kisser, o Sepultura mesclou sons recentes do álbum “A-Lex” deste ano, como “We’ve Lost You”, com hits clássicos como “Refuse/Resist”, “Troops of Doom” e “Territory”.

Andreas chamava a atenção da galera, além de seu talento nato como guitarrista, por sua postura e sua personalidade em cima do palco, além de trajar meiões do São Paulo e constantemente fazer alusões ao time com gestos. Derrick esbanjava carisma. Paulo, o mais contido. E Jean, um ótimo baterista.

Pra fechar a apresentação, diante do ainda modesto mas entusiasmado público do Maquinária, que chegava aos poucos na Chácara do Jockey em São Paulo, os metaleiros mandaram “Roots Bloody Roots”, que mesmo sem os irmãos Cavalera, ainda tentam manter a velha e boa pegada ao estilo Sepultura de se fazer rock de peso com qualidade.

domingo, 12 de outubro de 2008

Titãs em Rio Claro

Foto: Klaus Lautenschlaeger

Puro Rock n' Roll!
O imbatível e insuperável rock nacional que hoje praticamente já não existe mais em bandas novas.

Oriundos de uma época da música onde, no Brasil, também faziam parte Paralamas do Sucesso, Ira!, Capital Inicial, entre algumas outras, os Titãs vieram a Rio Claro neste sábado (11) e se apresentaram no Ginástico, com casa cheia. Os remanescentes Paulo Miklos, Sérgio Britto, Branco Mello, Tony Belloto e Charles Gavin (Arnaldo Antunes e Nando Reis saíram; Marcelo Fromer faleceu), tocaram clássicos da banda e músicas mais recentes, deixando os fãs presentes muito bem entretidos por cerca de uma hora e meia de espetáculo.
Como de costume, abriram com "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana". Depois, imendaram a ótima "Domingo", das antigas. E nessa toada foram apresentando o mais entusiasmante show dos últimos tempos no GG, em Rio Claro.
Dois pontos altos que eu gostaria de destacar: em um período da apresentação, ficam apenas os cinco integrantes do Titãs no palco. Normalmente, eles têm mais dois músicos adicionais, que ocupam as vagas de Nando e Fromer. Porém, nesse intervalo de tempo do concerto, Branco vai pro baixo e Miklos pra guitarra. Muito bacana! O outro ponto alto foi, pra mim, "Lugar Nenhum". Uma música raíz dos Titãs, rock de primeira, e com um tempero ao final dela: um duelo de guitarra entre Tony Belloto e o outro guitarrista. Tony, aliás, que continua sendo fenomenal no palco, tanto com seu talento com a guitarra, quanto por suas composições impetradas no repertório dos caras. Quem compareceu, certamente teve uma baita noite!!!

CLIQUE AQUI para assistir o vídeo de "Sonífera Ilha" feito por mim no show de sábado.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O retorno magnético do Metallica

Lançado em setembro, o mais novo álbum do Metallica é um petardo. Sucessor do criticado "St. Anger" (2003), o aguardado "Death Magnetic" (2008) é de acordo com o próprio vocalista James Hetfield, um "...and Justice For All" da nova geração. Não vamos nos esquecer de outro detalhe importante: é o primeiro disco com o baixista Robert Trujillo na banda.
"Death Magnetic" é composto por 10 faixas. O que chama a atenção no Metallica, pelo menos pra mim, é que não é só barulho. Kirk Hammet está sempre bem posicionado com riffs de guitarra que dão personalidade ao som. As bases e o dueto que Hetfield faz com ele também continuam impecáveis. E Lars dificilmente faz algo ruim na bateria. Mas vamos a uma breve análise de algumas canções que gostaria de destacar:

1. "That Was Just Your Life" (7:08) - O coração palpitante do início junto com um dedilhado calmo iniciam uma das melhores do disco. A velocidade e a pegada vão aumentando com o passar do tempo. Destaque para o solo de guitarra perto do fim da música.

2."The End of The Line" (7:52) - Essa vale a pena. Vai agradar os velhos fãs de Metallica. O solo curto e cheio de wah-wah de Hammet dão o tempero.

4. "The Day That Never Comes" (7:56) - Uma das mais acessíveis do disco. Muito boa e bem trabalhada. Se for pra viajar um pouco, a parte dedilhada da intro soou como uma mistura de 'The Unforgiven II' com 'Fade To Black'. Termina com minutos de delírio sem vocais.

5. "All Nightmare Long" (7:58) - Ótima pedida. Cheia de energia. O refrão te prende.

6. "Cyanide" (6:39) - Foge um pouco do senso comum, e é uma das que mais dá espaço para o baixo. Uma das melhores.

7. "The Unforgiven III" (7:46) - Piano e violinos na introdução. Eu esperava muito da terceira versão de The Unforgiven, e minhas expectativas foram superadas. Um show. A mais melódica e de ótima letra.

9. "Suicide & Redemption" (9:57) - A mais extensa e de sonoridade mais variada.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Pimenta nos olhos dos outros...

A banda Red Hot Chili Peppers decidiu processar os autores de uma série do canal americano Showtime por plágio. Sabe qual a razão? A película televisiva é intitulada Californication, título de um dos maiores sucessos da carreira dos Chili Peppers.

"Californication é a assinatura de um álbum, de uma música e de um videoclipe da banda. Não é justo um programa de TV roubar nossa identidade depois de tantos anos", explica Anthony Kiedis, vocalista da banda. Aí entra a polêmica: O Red Hot estaria correto na atitude de processar os produtores do seriado ou estariam apenas se aproveitando para visar uma possível bolada em dólares caso vençam a causa judicial?

ENTENDA O CASO

O termo Californication foi inventado em 1972, porém era pouco usado e jamais havia sido registrado até o lançamento do disco Californication, em 1999, pelo Red Hot Chili Peppers. Ou seja, legalmente a reclamação de Anthony Kiedis, Flea, John Frusciante e Chad Smith é protegida pelo artigo 10 da Lei 9.610/98 que diz: "a proteção à obra intelectual abrange o seu título, se original e inconfundível com o de obra do mesmo gênero, divulgada anteriormente por outro autor". Se você perguntar às pessoas a que a palavra Californication as remete, com certeza 100% dirá que ao grupo californiano. E está registrado, direitos autorais.

Alguns criticam essa postura (correta) do Red Hot. Dizem que só querem fazer dinheiro com esse processo. Então quer dizer que quando o músico Tom Petty processou-os por achar que a canção Dani California era plágio de uma de suas músicas, estava certo? Pimenta nos olhos dos outros é refresco, né? Com o perdão do trocadilho...

E mais: no seriado protagonizado por David Duchovny, ex-agente Mulder de Arquivo X, há uma personagem chamada de Dani California e outro chamado Charlie, mais dois títulos de singles dos Peppers. Basta um pouco de bom senso pra ver quem está abusando nessa história. Porém, tirem suas próprias conclusões. O fato é que Tom Kapinos, responsável pelo programa, deverá ter um pouco de dor de cabeça pela frente.

A série Californication é exibida às terças-feiras, 22h, no canal fechado Warner.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Curtinhas

Elton John pede fim da Internet

O músico Elton John parece estar ficando meio pancada. Tal afirmação faz-se notória ao vê-lo dizer que a Internet deveria acabar. Isso porque, segundo ele "com a Internet as pessoas deixam de se comunicar e...", pronto. Parei de ler aí!
Traduzindo: "com a Internet comecei a vender menos discos e ganho menos dinheiro do que estava acostumado". Alguém duvida?

Zack de La Rocha, o carrasco

O vocalista do reintegrado Rage Against The Machine, no segundo show da banda após a re-união, em Nova York, perdeu de vez a compostura. Ele afirmou que o presidente americano George W. Bush deveria "ser tratado como criminoso de guerra, torturado, pendurado e fuzilado".
Depois dessa declaração, 'Zackinho paz e amor' nunca mais.

Ice T não quer derrapar em Congonhas

O rapper e ator da bem-sucedida série "Law & Order", a qual considero ótima realmente, cancelou suas apresentações no Brasil em razão do caos aéreo.
Perfeito, decisão sábia. Enquanto o Brasil não tomar vergonha na cara através de seus homens-fortes, isso deveria acontecer sempre. Por mais que me doa o coração ver isso acontecendo com meu país de origem, eu na posição do Ice T faria o mesmo. Pra quê arriscar minha vida enquanto culpam um piloto morto para poupar a cabeça dos engravatados donos do dinheiro?


Por: Klaus Lautenschlaeger

domingo, 20 de maio de 2007

Como se doa uma música?

"Por favor moço, o senhor podia me doar um trocadinho?"

"Amigo, dinheiro tô sem... posso te doar uma música?!"


Não, não. Não é neste sentido comum e corriqueiro que a pergunta-chave está baseada. Li dias atrás uma notícia sobre o Greenpeace, entidade que trabalha em prol do meio-ambiente. Nela, estava escrito que João Gordo, vocalista da banda punk/hardcore Ratos de Porão, estava doando uma nova música para o Greenpeace. A música, entitulada "Amazônia Nunca Mais", seria usada pelo órgão de defesa ambiental, de alguma forma, em suas campanhas. Só não se sabe como. Pois é, como?

As letras do Ratos de Porão são em português, e dificilmente vemos tais instituições originárias do exterior agirem ou fazerem campanhas no Brasil. Além disso, a banda de João Gordo é underground. A questão é que a intenção é boa. Quem dera se bandas populares e milionárias fizessem outros tipos de doações, como shows beneficentes por exemplo, sem precisar dos raros surtos de boa vontade da iniciativa privada. O Ratos de Porão é uma banda de garagem ainda, com todo respeito. Não tem recursos sobrando, muito menos fama junto às massas. No máximo dá pra doar uma música.

Enfim, para o raciocínio lógico deste tema não evaporar em meio à críticas como essas, e para que a idéia principal deste texto não desabe em um poço aparentemente sem fundo, vamos colocando um ponto final, não é? Se bem que ainda não entendi como se doa uma música.

Letra da música "AMAZÔNIA NUNCA MAIS"