sábado, 27 de janeiro de 2007

Audioslave: união do passado em favor do futuro

Algo que não acontecia antigamente, está ocorrendo de uns anos pra cá na música, principalmente no rock. Bandas que garimpam um posto confortável no sofá do sucesso, e por um motivo ou outro acabam encerrando suas atividades, têm voltado à ativa com outra formação, e obviamente, com outro nome. E um exemplo que reflete isso e que o mundo já conhece, é a união do vocalista Chris Cornell, ex-Soundgarden, com os músicos do Rage Against The Machine. São eles: o criativo e engajado guitarrista Tom Morello, o baixista Tim Commeford e o baterista Brad Wylk. Os quatro formaram o Audioslave, banda de sucesso no cenário do rock mundial nos últimos anos.
Com 3 álbuns lançados, o Audioslave prima pelo som pesado do metal misturado com um suingue um tanto quanto funk, junto com a sonoridade forte e melódica do ótimo músico Chris Cornell. Claramente, nota-se o amadurecimento que todos tiveram com a experiência adquirida ao longo de suas carreiras. Cornell, aliás, vinha em carreira solo antes de adentrar o Audioslave, quando gravou o entusiasmante "Euphoria Morning", um trabalho que vale a pena ser ouvido. Ele é considerado por muitos críticos especializados, como um dos melhores cantores da atualidade, o que na minha opinião é merecidíssimo, já que o cara canta absurdamente bem com sua voz forte e bem colocada.
O primeiro disco do Audioslave, de mesmo título, já mostrou que a união dos 4 músicos daria o que falar. Com os hits "Cochise", "Like A Stone", a linda balada "I Am The Highway" e "Show Me How To Live", a banda conquistou milhões de fãs ao redor do planeta. Veio o segundo trabalho, intitulado "Out of Exile", mais cadenciado musicalmente, mas com uma qualidade igualmente marcante. "Be Yourself", "Your Time Has Come", "Heaven's Dead" e "Doesn't Remind Me" dão o ritmo. Agora em 2006, "Revelations" foi lançado e já de cara contou com a aprovação dos fãs. Na minha opinião, o melhor CD até agora. A faixa-título "Revelations" tem a marca do Audioslave, canção muito bem construída e de sonoridade belíssima, deixando pra trás o estigma de ser apenas uma mistura dos velhos Rage/Soundgarden. "One And The Same", que mistura o agito wah-wah do funk com peso na medida certa, talvez seja a melhor canção da banda. Destaco ainda "Until We Fall", "Sound of A Gun", "Jewel of The Summertime" e "Wide Awake". Mas sinceramente, recomendo que você adquira o álbum todo... palavra!
Enfim meus caros, esse quarteto bota um belo nariz de palhaço nos cabeças-fechadas que dizem que bandas clássicas que terminam não podem construir novos trabalhos de mesma ou superior qualidade. Talvez seja trauma. É, os grupinhos que têm aparecido ultimamente dão nojo mesmo, aí traumatiza. Não é fácil aguentar. Por isso rezo todos os dias pra que as bandas clássicas sobrevivam até o ano 2060 mais ou menos. Depois disso vou estar muito velho pra ouvir música.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Semeando a discórdia

Vamos voltar um pouco no tempo. No ano passado tivemos dois shows no Brasil que mexeram com o público: os dinossauros do Rolling Stones e os populares do U2. Eu te pergunto: qual das apresentações você curtiu mais?

Tenho certeza que a maioria vai responder que foi a do grupo liderado pelo bom moço Bono Vox, já que os Stones fazem parte da velha guarda e não tem tanta popularidade assim entre os mais jovens. Mas por que você (hipoteticamente) preferiu o show do U2? Por que Bono chamou uma fã ao palco? Por que o show teve mais efeitos de luz? Por que o Bono promove ações de paz e contra a fome? Ou porque você simplesmente os acha melhores que os Stones ou qualquer outra banda? Já posso ver as pessoas me chamando de "do contra" por discordar da maioria. Mas, na minha humilde ótica, Bono Vox usa suas aparições em eventos políticos de grande projeção para exatamente promover sua banda. Não concorda? Tudo bem, sua opinião tem o mesmo valor da minha.

Mas não confunda, acho o U2 uma banda excepcional, muito boa mesmo. Mas não creio que precise de promoção barata como a que é feita por Bono. Dados mostram que o atacante Ronaldo "Fenômeno", como embaixador da Unicef, fez muito mais do que o vocalista da banda irlandesa com seus discursos feitos e bem bonitinhos.
Voltando ao começo: o que tudo isso tem a ver com os Stones? Mick Jagger e cia são astros por fazerem música de qualidade e um rock 'n roll que ultrapassa a barreira do tempo, sendo a banda mais rodada da história da música. Imagina se Keith Richards ou o próprio Jagger, estivessem presentes em eventos políticos ao redor do globo pregando a paz mundial e jurando amor a todo ser humano (parece discurso de miss). Hoje, talvez, os Rolling Stones estariam sendo canonizados...

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À propósito, quer ver um vídeo de uma banda que se doa 100% no palco para servir ao público som, criatividade e energia? Clique aqui e seja feliz: http://www.youtube.com/watch?v=FBLE70x8LkI

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Versatilidade no sangue e nas cordas da guitarra

Uma dúvida sempre passa pela minha cabeça, e eu incessantemente busco achar respostas: até onde pode chegar a versatilidade de um músico?
O que tenho constatado em minhas andanças pelo mundo da boa música, é que não existe uma resposta para isso, mas existe sim a personificação desta questão. John Frusciante é nos dias atuais o ser humano mais artisticamente versátil que consegui encontrar, ou no mínimo, um cara que segue em 101% tudo aquilo que se propõe a fazer, dentro de sua filosofia musical e instrumentalista, seja lá de onde eu tenha tirado essa pertinente palavra. Muitos podem achar que estou cometendo um soberbo exagero, porém não creio que esse pensamento seja coerente com a prática exercida por Frusciante. Críticos, que quando abordavam este guitarrista em tempos não tão distantes, justificavam a palavra crítica no sentido literal, hoje em dia reverenciam a obra e habilidade recheada de feeling do chilipepper mais novo (John tem 36 anos, contra 44 de Anthony Kiedis e Flea, e 45 de Chad Smith).

Na conceituada revista Guitar Player, edição de janeiro de 2007, John Frusciante é capa e principal destaque. Nas páginas interiores, ele mostra seus incríveis e infindáveis equipamentos que utilizou nas gravações do mais atual álbum da banda "Stadium Arcadium" e que utiliza em todos os shows, tais como pedaleiras, sintetizadores, moduladores, amplificadores, etc etc... Tudo isso, segundo conta, para dar vida à música, e trazer para o palco a criatividade e trabalho duro aplicado nas gravações do álbum.

John Frusciante é um guitarrista, compositor e cantor de muito feeling, energia, técnica, carisma, ritmo e performance que eu não tenho capacidade pra descrever. Ouça o novo disco do Red Hot. Veja um show do Red Hot. Ouça uma canção do Red Hot. Faça isso com atenção. Depois venha me dizer se exagerei. Estarei esperando com um sorriso no rosto.